domingo, 20 de novembro de 2022

"Diálogos sobre Igualdade Racial" é tema de comemoração pelo Dia da Consciência Negra em Cataguases


O Movimento Cultural Ganga Zumba e outras entidades ligadas ao Movimento Negro em Cataguases, Além Paraíba, Leopoldina e Juiz de Fora, promoveram neste sábado (19), uma roda de diálogos e apresentações culturais  de matizes africanas, que teve como principal foco a conscientização da importância do preto na sociedade, na luta contra o racismo.

Sob a mediação da presidente do Movimento Cultural Ganga Zumba, Rita Bento, o evento teve início às 14 hs., no Centro Cultural Humberto Mauro, na Rua Coronel Vieira, no centro de Cataguases, e contou também com a participação das professoras cataguasenses Conceição Santos, Fernanda Carla Corrêa de Oliveira, e do professor de História Geraldeli da Costa Rofino, de  Juiz de Fora, dos leopoldinenses, o professor de capoeira Mestre José Dimas de Souza, da Terapeuta Holística, Maria Helena, e dona Constância Maria de Jesus, de 97 anos.

Durante o encontro ocorreram as apresentações de grupos culturais formados por jovens e adolescentes negros de Além Paraíba, Cataguases e Leopoldina.

Para a professora da rede municipal de ensino de Cataguases, Fernanda Carla Corrêa, o dia 20 de novembro no Brasil serve para denunciar que ainda não somos evoluídos o suficiente para  vivermos o ano inteiro e ter que   lembrar que o racismo é crime e que o racismo mata.

“É muito fácil dizer que não existe o racismo quando você não tem que vivê-lo na pele diariamente. É muito fácil falar que não existe racismo quando você não tem que andar com a nota fiscal do seu celular no bolso para provar que você não roubou. “Eu sou uma das pessoas que defendo o dia 20 de novembro, enquanto a sociedade brasileira não enxergar a pessoa preta como gente”, disse a educadora.


Conceição Santo,  educadora da rede pública estadual,  trouxe para o debate os desafios de ser uma criança negra no Brasil, ainda nos dias de hoje,  e a dificuldade de trabalhar  o tema  da cultura negra no meio escolar durante o decorrer do ano letivo com o grupo infantil. Ela também deixou uma mensagem de incentivo aos adolescentes e jovens presentes para que eles ocupem os espaços nas redes de ensino público através das cotas destinadas aos estudantes negros. “Não tenham vergonha de alcançarem a universidade através das cotas raciais. Elas são, ainda que tardia,  uma reparação dos prejuízos causadas à educação negra ao longo dos anos, “ afirmou Conceição.



O militante de movimento negro e professor de História, Geraldeli Rofino, defendeu o protagonismo de pessoas pretas na política e em outras áreas sociais. Ele também relembrou os crimes contra negros como o caso de João Alberto Silveira Freitas, conhecido como Beto, assassinado em novembro de 2020,  por funcionários do Supermercado Carrefour, em Porto Alegre. Geraldeli citou também o caso que envolveu três agentes da Polícia Rodoviária Federal na morte do negro Genilvaldo de Jesus Santos, morto por asfixia no porta-malas da viatura durante uma abordagem em 25 de maio, na BR-101, no município de Umbaúba-SP. Outro episódio citado pelo professor juizforano  foi a morte de George Floyde, um homem negro em Minnesota, nos Estados Unidos, que causou uma onda de indignação depois da divulgação de um vídeo que mostra um policial branco ajoelhado no pescoço dele e,  que virou sinônimo de da luta antirracismo e contra a violência policial em todo o mundo.

“Hoje, nós temos o 20 de novembro como o dia do ano para repercutirmos o racimo. Mas é preciso combater o racismo todos os dias. Todos os dias temos denuncias de racismo contra os jovens, homens e mulheres negras no Brasil. Viva o dia 20 de novembro! Vamos combater o racismo todos os dia”, disse Geraldeli.

Importância do Dia da Consciência Negra

A importância da data está no reconhecimento dos descendentes africanos na constituição e na construção da sociedade brasileira.

Como surgiu o Dia da Consciência Negra?

Durante o governo Lula (2003-2010), a Lei nº 10.639 de 9 de janeiro de 2003, determinava a inclusão da temática “História e Cultura Afro-Brasileira” no currículo escolar.

Nesse mesmo documento, ficou estabelecido que as escolas iriam comemorar a consciência negra:

“Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’.”

No entanto, foi somente no governo de Dilma Rousseff e através da Lei nº 12.519 de 10 de novembro de 2011, que essa data foi oficializada. 
















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